A possibilidade da avicultura colonial ser uma alternativa de fonte de renda aos agricultores familiares foi apresentada ao produtores de Hulha Negra. A prefeitura de Hulha Negra, por meio da secretaria municipal de Agropecuária, proporcionou para um grupo de 12 produtores a participação no Dia de Campo em Avicultura Colonial. O encontro aconteceu na sexta-feira (07,06), na Embrapa Clima Temperado, em Pelotas, e no Aviário Recanto do Negrinho do Pastoreio, em Morro Redondo. O secretário Luís Fernando Lima foi acompanhado do chefe do escritório hulhanegrense da Emater/RS-Ascar, Guilherme Zorzi, e colaboradores da Emater de Hulha Negra e de Dom Pedrito. O secretário destaca que a Emater é uma instituição parceira em prol do produtor de Hulha Negra.
O secretário Luis Fernando de Lima conta que a busca por alternativa viável para comercialização de ovos no município iniciou ainda no ano passado, quando secretário e o médico veterinário, Marcus Leitzke, acompanharam produtores de Hulha Negra em uma visita a Santana do Livramento. “Os aviários que encontramos em Santana do Livramento não era o que esperávamos, estava longe de nossa realidade pois eram aviários com mais de 10 mil animais. Visitamos Venâncio Aires e também não encontramos o que queríamos. Estávamos a procura de um sistema que fosse menor e simples, porém produtivo e rentável”, disse o secretário.
Luis Fernando conta que durante a visita à ExpoAgro Afubra, em março, foi apresentado ao pesquisador João Pedro Zabaleta. Na conversa, o pesquisador informou que a Embrapa Clima Temperado trabalha com esse sistema de produção de ovos coloniais e faz inúmeras pesquisas na área. Zabaleta explicou que a Embrapa Clima Temperado, em parceria com outras instituições públicas e privadas, realiza pesquisas e ações de desenvolvimento nas áreas de avicultura colonial e avicultura orgânica. Disse ainda que a instituição busca, com isso, geração de renda na agricultura familiar, evolução tecnológica da agroecologia e maior oferta de alimentos diferenciados em termos de produção para os consumidores. Acompanhado do médico veterinário Marcus Leitzke, o secretário Luis Fernando visitou a Embrapa e marcou o encontro com os produtores para o Dia de Campo.
Dia de Campo
Um dos objetivos do Dia de Campo foi o de apresentar aos produtores uma alternativa viável para diversificação das atividades dos agricultores familiares, contribuindo para o desenvolvimento da agricultura familiar no município. Pela manhã, a programação contou com uma palestra sobre o projeto de Avicultura pelo pesquisador João Pedro Zabaleta. Já a tarde o grupo participou de uma visitação ao aviário do Recanto Negrinho do Pastoreio, localizado na Colônia Açoita Cavalo, interior de Morro Redondo, dos proprietários Solange Cruz, Daltro Cruz, e dos filhos Mauricio e Murilo.
A avicultura colonial tem como grande destaque a rentabilidade superior a da maioria das outras atividades do campo. O investimento necessário fica na casa dos R$ 5 mil e um quarto de hectare de terra já é o suficiente. Em relação à mão-de-obra, uma pessoa consegue conduzir a produção sem dificuldades. O aviário visitado tem capacidade para até 250 galinhas. Hoje, a produtora tem 200 animais e este empreendimento está dentro do procurado pelos produtores do município.
“A avicultura oferece uma estabilidade ao agricultor. Gera um salário mínimo por mês à família, precisa de pouca mão-de-obra, não exige esforço físico e garante receita constante, pois há comercialização de aves durante o ano todo”, expôs o pesquisador.
No sistema colonial, as aves são criadas em confinamento até os 28 dias de vida e soltas em piquetes após este período. Surge aí uma das principais diferenças da avicultura colonial para a convencional: as aves têm livre acesso, durante o dia, a um piquete ao redor do aviário, onde terão pasto, sombra e espaço para caminhar. A rotina diferenciada proporciona maior bem estar aos animais, diminuindo o nível de tensão e o risco de doenças.
Rentável para Hulha Negra
Segundo o secretário Luiz Fernando, pelo menos três produtores vão iniciar a produção de um aviário em Hulha Negra. Uma questão que desperta a atenção de agricultores e estimula o desenvolvimento da avicultura colonial é a crescente procura dos consumidores por produtos colonias ou agroecológicos. Ou seja, por produtos livres (ou com menores teores) de resíduos de agrotóxicos e baseados em modelos de produção que avancem na direção da sustentabilidade ambiental, social e econômica.
O prefeito de Hulha Negra, Renato Machado, diz que a Administração Municipal tem a consciência de que além de agregar renda e contribuir com questões ambientais e sociais, a avicultura colonial é fundamental para a segurança alimentar e a diversificação da matriz produtiva. “Hoje, nenhum produtor do município está habilitado para vender ovos coloniais em Hulha Negra. Por isso nossa proposta em proporcionar para os nossos produtores a possibilidade de uma nova renda. Temos a certeza de que em breve vamos inaugurar agroindústrias de ovos em Hulha Negra”, garante o prefeito.