Em entrevista ao TP, a secretária de Agropecuária, Janice Silveira, ao ser questionada sobre o abastecimento de água na cidade, confirmou a continuidade do racionamento das 13h às 18h, porém não descartou a possibilidade de ampliação do horário caso a situação fique mais complicada. “Atualmente estamos atendendo com dois caminhões-pipa 380 famílias entre sede e interior do município, mas devido a baixa chuva, os poços não estão com vazão necessária para abastecer todas as famílias normalmente”, explicou.
Com relação a situação agropecuária, o TP conversou com o extensionista da Emater de Hulha Negra, Guilherme Zorzi, que disse que o município está registrando chuvas com volumes e locais alternados, o que acaba diferenciando as situações enfrentadas pelos produtores. “Única chuva boa foi dia 14 de dezembro, de 45 a 90 milímetros, sendo que esta última deu um fôlego melhor ao produtor. Nesta semana foi pior, muitos lugares não registraram nada de chuva, principalmente ao sul do município. Já na Serra da Hulha, ao norte, chegou a até 50mm, causando também fôlego e proporcionando reação das pastagens”.
O extensionista da Emater disse que a pecuária é a atividade que mais está sendo prejudicada. “Produtor está enfrentando problemas, mas que não se comparam com o norte do Estado. Gado de corte, leite e ovinos, tendo água é tão importante quanto a comida, e atualmente eles tem. O campo nativo, base de alimentação da pecuária de corte e pastagens cultivadas (sorgo forrageiro, capim Sudão, milheto) está sendo muito atingido. Não rebrotam ou crescem muito devagar, reduzindo a quantidade de alimento para o animal que acaba perdendo peso. Em muitos locais isso já está ocorrendo e outros o produtor está mantendo o peso do animal com suplemento. Não dá para comparar com o ano passado que foi tudo muito bom. Na produção leiteira, com menos pastagem, o pessoal se obriga a dar outros alimentos, aumentando custo de produção. Não é possível estimar perdas exatas, pois algumas trazem consequências futuras, como redução na reprodução devido ao problema com a alimentação, mas projetamos de 15 a 20%”. ´
Zorzi também citou a realidade das lavouras de soja, milho e arroz. “Lavouras de soja, que seria o que possui maior peso econômico, está quase 100% da área plantada. Ainda há cerca de 300 hectares a serem plantados que, devido ao zoneamento, não possuem cobertura de seguro agrícola. Então, conforme o que está plantado e nascido, estimamos uma perda de cerca de 10%, pois possuímos apenas cerca de 15% de planta em período e floração e formação de vagem, ou seja, o mais sensível.
No milho são 1.600 hectares para grão e 600 estimados para silagem, que vai praticamente tudo para gado leiteiro. Ainda falta plantação e depende de chuva, o que pode prejudicar bastante e chegar a uma perda média de 25%. As lavouras de arroz são irrigadas e já há água prevista. Ainda não há possibilidade de perdas”.
O extensionista ainda falou sobre decreto e perdas. “Poucas vezes o produtor é beneficiado com um decreto de emergência. O que ele auxilia é na renegociação das dívidas ou isenção do pagamento de semente. Não desprezamos nenhum tipo de auxílio, mas decretar neste momento emergência ou em duas ou três semanas não difere para o produtor, pelo contrário, o decreto tem trazido poucos benefícios, principalmente relacionado ao seguro agrícola, que a cada decreto reduz a margem. Entendemos que há produtores com perdas maiores, mas o trabalho precisa ser feito em função da média do município. Vamos seguir em contato com os produtores para acompanhar avançar das culturas. Há uma previsão de chuva para a segunda quinzena de janeiro, que se confirmar pode amenizar os prejuízos nas lavouras, aumentar o nível dos açudes”, ressaltou Zorzi, frisando acreditar que o principal problema do município é com relação a distribuição de água potável para a população devido a baixa dos poços artesianos.